sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

A paixão é um bicho complicado!

A paixão é um bicho complicado.
É uma chama que vem e que vai, que acende e que apaga com uma velocidade superior à que os nossos frágeis neurónios conseguem processar.
É duma volatilidade inexplicável, que nos deixa quando nos sentimos quentes, e nos aquece novamente quando pensamos que vamos morrer enregelados.
Não é um bicho papão, mas é um bicho que nos vai papando aos poucos, seja para o bem ou para o mal.
Para o bem, consome-nos a pouca autonomia que pensamos ter e domina-nos os sentidos: vemos, ouvimos, cheiramos, degustamos e tocamos movidos por essa força que nos controla as emoções.
Para o mal, impede-nos de ver o caminho, de ouvir a voz da razão, de degustar dos prazeres que ainda nos restam e de segurar o mundo com a palma das nossas mãos, para que ele não se desfaça em pó.
É esse o sentido da vida: apaixonarmo-nos constantemente por alguém, por alguma coisa, por uma causa, por nós próprios ou por coisa nenhuma. O que interessa é apaixonarmo-nos.
Se vamos sofrer ou não, isso já é outra conversa. Se não corrermos riscos nunca vamos saber que proveitos nos estavam destinados. Se o preço a pagar por um sorriso é um mar de lágrimas, então posso chorar um rio, pois o sorriso vai ser a minha maior concretização.
Por isso luto para me apaixonar sempre. Quando procuro um sentido para o que me parece injusto, penso sempre que a derrota de hoje me vais dar forças para vencer a batalha de amanhã.
Luto, apaixono-me e amo muito. Vivo!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Emoções

Todos os dias são importantes para descobrirmos que somos essenciais na vida de alguém. Seja o nosso animal de estimação, a nossa mãe, o namorado ou o amigo de quem tanto gostamos, termos um motivo para viver alegres e com um sorriso de orelha a orelha deve ser o motivo do nosso despertar diário.
Só há dois tipos de pessoas: as que precisam de brilho e as que brilham por si só. É óbvio que podemos oscilar entre ambos os géneros, mas a nossa sensação é que os que nos fazem felizes são as nossas estrelas, com luz própria capaz de iluminar os dias mais escuros e os estados de espírito mais sombrios.
Mas o que acontece quando sentimentos se confundem e nos sentimos perdidos no meio de emoções que não sabemos definir? O coração não escolhe quem quer e muito menos a razão nos ajuda a encontrar o melhor caminho. Então como sobreviver? É simples: basta viver com carinho cada dia, aproveitar ao máximo tudo aquilo que nos é permitido viver e esperar que o tempo nos traga novos abalos sentimentais que nos enchem daquela energia adolescente que sabe tão bem reviver sempre que possível.
Esta é a maneira mais fácil de viver de bem com a vida!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

para a mais recente mamã!

Tens nome de bolacha
e és doce como tal.
És a donzela mais bonita
De todo o reino animal.

Fui eu quem te deu o nome, mal te peguei ao colo. Foi uma homenagem à tua mãe, a Sra. D. Bolacha. Mas não foi o principal motivo. Tu é que eras e és doce como só visto.
Foste a terceira a chegar ao clã animalesco que adoptei como meu. És a filha do meu primeiro bichinho preto de quatro patas, mas és muito diferente dele. Para começar, és claramente um elemento do sexo feminino: tens um ar frágil, mas sabes defender-te, só fazes o que te dá na real gana e fazes pela calada o que ele faz às claras. Enquanto ele se denuncia quando faz algo que sabe que está errado, tu passas e andas como se nada fosse. E como és pequenina, escondes-te no buraquinho mais minúsculo que houver e não sais de lá até nos esquecermos do assunto. Quando voltas, vens tão meiguinha que é impossível dar-te um sermão! Dás-me a volta à cabeça! A mim e a todos os que te conhecem.
Para todos os efeitos, és a mais bebé dos meus bebés e mereces a maior parte da minha atenção por isso. Não gosto mais de ti do que dos outros, simplesmente tens o direito de receber os carinhos que os mais velhos já tiveram com a tua idade.
Contigo partilho pequenos gestos especiais, aqueles momentinhos só nossos, em que nos limitamos a apreciar o que nos pertence. Adoro soprar-te para o teu focinho arrebitado de menina senhora do seu nariz e ver-te tapá-lo com as tuas patinhas frágeis e delicadas. Deliro quando te encostas a mim e esfregas a tua cara na minha, qual ser humano. Emociono-me sempre que o fazes. Deve ser este meu grande gosto por crianças e o facto de não ter nenhuma em casa há muito tempo que me leva a precisar de ti como preciso de poucas pessoas.
Não és a cadelinha mais irrequieta de todas. Há quem diga que pareces um gato, porque gostas de cativar a atenção toda para ti, mas raramente te vêem a correr ou em tropelias. Tal como os gatos, tu passas os dias a comer e a dormir, quase sempre. E também como eles vens provocar os teus companheiros quando eles não estão à espera. Mordisca-los, atiras-te a eles como se fosses gente grande e és tão ingénua que colocas a tua vida em risco.
Já estiveste para morrer enforcada com um fio de uma rede que decidiste que ia ser o teu brinquedo, já foste parar às urgências veterinárias porque decidiste pôr a cabeça dentro da boca de uma cadela vinte vezes maior que tu e com dentes que superam os meus a quilómetros de distância. És inconsequente, mas é por isso que tens graça. No entanto, não voltas a fazer-me uma coisa dessas, estás a ouvir? Quando recebi a chamada a dizer que tinhas sido mordida e que estavas mal, fiquei tão nervosa e preocupada como se tivesse sido mesmo um membro humano da minha família. Para mim, é como se fosses.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

o meu amor de 4 patas=)

Nunca podemos dizer que não gostamos de algo ou de alguém sem termos tido uma experiência anterior que possa fundamentar a nossa argumentação contra determinado assunto.
No entanto, como todos os seres humanos, erráticos e pretensiosos, decidi contrariar o bom senso e criticar quem trata animais domésticos como se fossem membros da família. Era uma patetice pura e descabida, visto que não podemos confundir seres racionais e irracionais. Lógico, não? E também bastante comum numa sociedade oca e que trata animais, velhos e jovens como lixo.
Não me enquadrava nessa classe marginal de indivíduos que se afirmam pela força de poder e opressão sobre os que aparentam ser mais fracos. Simplesmente não tinha tido animais em casa, a não ser três canários, que adorava mas nos quais era incapaz de tocar. Gostava dos bichinhos, mas não passava a linha do bom senso que me tinham transmitido.
Acontece que, num belo dia, entrou magicamente na minha vida o cão mais pequenino e amoroso que alguma vez vira. Tive medo de lhe tocar, de machucá-lo e de me afeiçoar a ele. Mas a primeira impressão foi forte demais para a ignorar e apaixonei-me por aquele ser ainda muito tenrinho e indefeso que só queria mimos e brincadeira. Não me conhecia de lado nenhum e criou logo empatia comigo. Atirou-se com sofreguidão para os meus braços, fez-se às minhas carícias e encheu-me de mordidelas e lambidelas inocentes, típicas de um cachorrinho com um par de meses de vida.
Não sei o que se passou comigo, o que mudou, mas deu-se o clique do amor e da ternura. Era um bebé que ali estava, disposto a dar tudo e a fazer-me entregar-lhe todo o mimo que podia.
Era tão fofo! Não o digo só porque tinha o pêlo ainda muito macio, mas pela inocência do seu olhar meigo. Era um animal, mas tinha o dom de nos cativar pela sua “humanidade”. Tudo nele o tornava humano: o carinho, a fidelidade, a devoção a quem mostrava o seu lado bom e, ao mesmo tempo, todo aquele seu jeito atrevido e arisco, que roía tudo o que apanhava pela frente, fazia chichi em cada canto, como se estivesse a marcar território. Além disso, gostava de pessoas como se fossem da sua espécie e dava o corpo ao manifesto na hora de defender quem tomava conta dele, mesmo sendo “cinco tostões de cão”.
Ele foi crescendo e amadurecendo. Já não está tão dependente de carinho como em bebé, tal como nós, que vamos criando o nosso território. Já não é preciso dar-lhe com o jornal por fazer asneiras nem ralhar-lhe por ser tão indomável. Continua a ser livre e com vontade própria, mas já sabe distinguir o bem do mal e os bons dos maus e não dá confiança a quem não merece.
Apercebe-se de tudo, apesar de parecer despistado até dizer chega. É corajoso e um verdadeiro homenzinho, mas com um menino lá dentro. Adora brincar, ser desafiado e passar horas a correr pelo jardim atrás dos malditos gatos que teimam em invadir o território dele. Ou isso ou vir arranhar-nos as pernas numa tentativa de nos por a mexer pela casa enquanto ele se mostra incansável e insaciável no que toca a loucura desenfreada.
Já foste pai meu menino lindo. Estás um homem adulto. Porém, continuas a rebolar no chão para te fazer festas na barriga, a correr para os meus braços sempre que me vês chegar como se já não me visses há anos. És o meu mimalhinho. Adoras estar no meu colo a dormir e a sentir os meus carinhos. E és o cão mais fotogénico da história. Vês uma câmara e pões-te logo em pose. Nasceste para ser um galã de Hollywood. És um verdadeiro príncipe.
E tu, seu ser pequenino e safado, mudaste-me tanto a visão sobre os animais de quatro patas! Tu beijas-me até me faltar o ar, lambes-me a cara, o nariz, as orelhas. Gostas de dormir na cama com pessoas, gostas de ir connosco para todo o lado. Se vamos para a cozinha, vais atrás, se vamos para a casa de banho, vais atrás.
O método para te fazer sair a bem é abrir a torneira. Tu abominas água. É um tormento dar-te banho! Sais depois, casa fora, a rebolar, a esfregar-te no tapete da varanda, a molhar tudo! Patinas na tijoleira e fazes-nos rir tanto que nos esquecemos que temos muito para limpar em seguida! És o rei da ternura e da aventura. És tão inteligente que sabes o caminho para casa, levemos-te nós para onde for. Como quando fugiste da casa onde te fomos levar para acasalares com a mãe dos teus filhos e tu decidiste que não te apetecia ficar lá e arranjaste maneira de ludibriar os donos e fugir por um sítio quase impossível. Puseste-nos a todos de coração nas mãos e a rezar para não te termos perdido para sempre. E, passado pouco tempo, cá estavas tu de regresso à base, encharcado e a tremer de frio. Atravessaste um temporal como há muito já não havia memória e enfrentaste os carros que passavam numa das avenidas mais concorridas e perigosas para os peões. Como é que tu, meu cão minúsculo, conseguiste escapar ileso desta aventura? Com tanta chuva, vento, carros, como é que encontraste o lar sem um único arranhão? Deves ser especial até mesmo para Ele, pois passas despercebido pelo teu tamanho e serias atropelado pela certa!
Gosto de ti como se fosses meu filho. Verdadeiramente. Fazes-me ter a certeza de que os animais conseguem superar as pessoas em muitos aspectos. Fazes de mim uma mulher especial, mesmo quando estou tão mal que sé me apetece desaparecer. Ninguém tem o poder que tu tens sobre mim. Fazes-me esquecer o frio, o calor, a fome, a sede, a tristeza. Só te falta falar! Mas não precisas dessa habilidade para ser especial. Já o és. Tudo o que tens para me dizer, dize-lo através do que fazes. Os teus olhos transmitem o que preciso de sentir. Compartilhas comigo a dor e a alegria incomensurável.
Por tudo o que és, pela transformação que comandaste em mim e pelo amor que me dás e me fazes sentir, és o orgulho e uma das razões de viver desta tua dona emprestada. Adoro-te!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Antigo, mas actual

Neste momento falta-me o tempo para fazer descrições de mim mesma. Nem eu sei bem quem sou. Porque sou um ser em constante mutação. Adapto-me às diferentes situações com relativa facilidade e sou diferente consoante os contextos o exijam. Isso não significa que seja falsa. Gosto é de explorar o território onde estou para depois me libertar. Posso ser a miúda mais tímida ou a palhaça de um grupo. A aventureira ou a frágil amedrontada. Sou o bem e o mal numa só pessoa. Sou uma apaixonada por tudo o que me rodeia. Porque é esta paixão que me move e me faz lutar contra o que quer que seja para provar que os meus ideais estão certos e que podemos, de facto, mudar o mundo, dando cada um de nós o seu contributo. E ninguém se atreva a tentar comprar-me. Porque eu tenho valores, mesmo vivendo neste mundo corrupto. Não vendo a minha alma nem os meus princípios. Não vendo o amor nem a amizade que me prendem à vida, nem sou interesseira. Sou incapaz de me aproximar de alguém só para tirar partido disso. E há uma palavra que não consigo encaixar no meu dicionário: desistir! E a vida tem-me provado que essa é uma escolha acertada. E por isso, não obstante todos os meus defeitos, tenho orgulho no que tenho conseguido por acreditar que se deve lutar sempre, por mais difícil que seja.

"E quando penso em desistir por me sentir infeliz, Oiço uma voz dentro de mim que me diz
Mantém-te firme"
"Quando as portas se fecham sigo em frente e venço"

Não sou única, mas sou diferente. E isso basta-me para me orgulhar do meu percurso.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Brilho especial (para a minha Annie)

Poucas pessoas têm o dom de nos fazer sentir especiais, no momento em que menos contamos com isso.

Ao invés de me dares também motivos para sentir todo o chorrilho de emoções que habitam e atormentam a minha mente nos últimos tempos, que me transmitem a sensação de que não faço falta em nenhum dos meus habitats, fizeste-me sorrir. Isso tocou-me e, acredita, o meu coração sorriu bem mais do que a minha cara transpareceu.

Nunca fui muito boa a expressar-me cara a cara quando o que sinto não é mau. Se, por um lado, não escondo agruras, desapontamentos e irritações, já não sou capaz de fazer o mesmo quando se trata de exteriorizar alegria e afins. Talvez porque a vida se revela mais vezes madrasta do que mãe, talvez porque não se pode ser bom a tudo e eu, simplesmente, não possuo esse talento. De qualquer das formas, quero que saibas que fizeste com que se desse o “clique” aqui dentro e voltasse a ter, por momentos, a sensação de que tenho uma razão válida para pertencer a esse lugar. E, também, mas nunca menos importante, que sentes a minha falta como eu sinto a tua.

És uma menina de ouro, com muito mais maturidade do que a tua idade faria supor e dou imenso valor a isso, numa altura em que vejo tanto jovem que parou de crescer aos dez anos de idade. Gosto do teu esforço e perfeccionismo. Mesmo longe da perfeição inalcançável, é bom ver que ainda há quem lute com todas as forças. Sabes o que te espera? Com toda a certeza, um futuro que te recompense pela tua determinação. Se algum percalço acontecer, eu estarei sempre aqui, com aquele abraço rechonchudo como eu. Vais ser sempre a minha querida: dos caracóis e beleza invejável, da doçura de um olhar terno que encanta qualquer um com olhos de ver.

Obrigada! Adoro-te!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Há dias assim...

Há dias assim. Dias em que somos assolados por uma tristeza repentina que nos gela até a alma e nos tira o prazer de viver os pequenos momentos. Dias em que prometemos a nós próprios que será a última vez que nos deixamos abater por forças inexplicáveis, que surgem vindas sabe-se lá de onde.
Há dias em que aparentemente temos tudo para sermos felizes e, no entanto, nada nos satisfaz nem é suficientemente forte para travar a força motriz dos fantasmas malditos.
A felicidade é feita de pequenos momentos que nos enchem de alento para enfrentar desafios vindouros. Mas de que vale tudo isso se não lhes dermos o verdadeiro valor? O tudo não chega quando nos limitamos ao nada. Nós é que temos que encontrar em cada brisa fresca, em cada gesto alheio ou em cada acontecimento aleatório o nosso motivo para levar avante uma vida que nos foi concedida e que não deve ser desaproveitada.
Há dias como hoje, onde só as lágrimas fluem sem esforço, onde todas as dores do mundo me bloqueiam e me martirizo por tudo isso. Com tantas causas nobres para serem choradas, por que raio hei-de chorar sem motivo aparente? Futilidade? Talvez, porque as verdadeiras razões para nos roubarem a alegria estão mesmo ao nosso alcance, à distância de um olhar para o vizinho do lado ou mesmo através da televisão. Esses vivem felizes, apesar do infortúnio em que se encontram mergulhados. Haverá maior lição de vida?
O que é certo é que não é a consciência da verdadeira crueldade que nos rodeia que me vai impedir de perder tempo útil a destilar água pela cara abaixo.
O que é certo é que há dias assim. Espero um dia inverter estas datas e rir-me da minha vontade de chorar. Até lá, faço-o por nada, por insatisfação e tristeza generalizada por não ser capaz de me deter.
Há dias assim.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vitórias

Quatro anos. Parecia pouco tempo e, simultaneamente, uma eternidade.

Aos dezoito anos, tudo é ambíguo. Esta situação implicava que eu optasse por escolher um dos sentidos e aguentar com as consequências.

Como sou teimosa e gosto de colocar obstáculos a mim mesma para tornar a minha vida num percurso tumultuoso que me levará a pequenas grandes vitórias, decidi arriscar. Tinha a perfeita noção de que iria ser muito complicado e que o objectivo implicava alcançar uma fasquia possivelmente demasiado elevada. Mas deixei-me ir. E hoje estou mais feliz e realizada do que nunca.

Foi uma caminhada cheia de espinhos. Mas essas dificuldades só tornaram o prémio final mais aliciante. Sou estimulada pelas contrariedades, apesar de não lidar muito bem com elas quando surgem, vindas, aparentemente, do nada. Também eu sou um tanto ou quanto ambígua. Gosto de situações adversas, mas não paro de reclamar quando tenho que as resolver. No entanto, enquanto estou a digeri-las e disparo em todas as direcções, estou, ao mesmo tempo, já numa batalha árdua em busca de soluções.

Este caso não foi diferente. Ao fim de um mês, surgiu a primeira contrariedade e quis virar as costas e desistir. Típico. Mas quem me conhece sabe que não desistiria de jeito e maneira. Nem que tivesse que me sacrificar de uma forma nunca antes sequer equacionada. Ainda estou eu a praguejar e a deixar sair as barbaridades pela boca fora, já sei que não vou abandonar o barco enquanto não chegar a bom porto. Isso não me impede de continuar a disparatar, apesar de serem apenas desabafos que me espicaçam e impelem no sentido certo de continuar na batalha.

Muita coisa aprendi, a bem ou a mal. Não podemos dar nada por adquirido. Não somos invencíveis, nem o conhecimento é a fonte de todas as soluções. A sorte, o sangue-frio e a entrega completam o leque.

Não basta saber teorias, é preciso solucionar problemas práticos. Estas não são aplicáveis directamente à realidade, são uma fonte de abstracção e simplificação de uma existência extremamente emaranhada. E a maior lição de todas é que estas não são apenas conjunturas sem nexo nenhum. Elas são a base da nossa leitura da realidade. A partir da situação “fabricada” podemos entender como funcionaria o mundo se fosse perfeito e perceber melhor as suas falhas face ao paraíso. As teorias não são a solução, são o ponto de partida. Esse ensinamento nunca mais irei esquecer. E sinto-me muito mais rica do que os milhares de milhões de pessoas que as encaram como uma perda de tempo fantasiosa e ridícula. Aprender a pensar é uma ferramenta fundamental e eu sinto-me muito mais capaz de o fazer mais rapidamente e melhor agora do que há quatro anos atrás. Tanto é assim que os resultados começaram a melhorar com o passar do tempo, apesar da maior complexidade dos desafios propostos.

Hoje não sou mais nem menos do que era nem do que outra pessoa qualquer. Simplesmente sei mais do que sabia. Isso é ponto assente e faz-me orgulhar de cada pestana queimada, de cada hora perdida, de cada batalha de onde saí derrotada. Perdi anos de vida, mas ganhei anos de conhecimento. Não gozei o melhor lado da juventude, mas nunca será tarde para o fazer, talvez até de um modo mais responsável. Coloquei em risco as minhas capacidades sociais, desafiei todos os limites físicos e psíquicos, fui infeliz em muitas ocasiões e privei quem não merecia de uma companhia agradável. Tentei desdobrar-me e fazer tudo, numa busca insaciável de provar a todos e a mim própria que o meu maior valor é a capacidade de resistência. Não duvido que haja quem me acuse de desperdício de energia, de falta de experiência de vida e de ver um mundo cor-de-rosa. Não os culpo. Eu também faço julgamentos injustos.

No final desta aventura, a maior aprendizagem extra-curricular é que nada vale mais do que a nossa própria vida. Uma professora disse-me que nas horas de aflição procuramos a família e os amigos, nunca o trabalho. Isso demonstra o quão importante é darmos tudo aos outros e a nós e escolhermos sempre o lado que nos recompensa da melhor forma. Não há dinheiro que pague as vivências com as pessoas que mais amamos.

Hoje, sou licenciada em economia, hei-de ter um emprego que compense toda esta luta, mas porei sempre em primeiro lugar a minha família. É uma maneira de provar que aprendi a pensar. E o que quero mesmo é ser feliz e fazer com que isso passe para quem me rodeia.

domingo, 4 de julho de 2010

Esperar para ver!

A juventude é um período deveras complicado para todos. Não podemos dizer que não foi ou que não vai ser – é assim que tem que ser e ainda bem que o é.
É o momento de confrontarmos as assumpções que nos transmitiram durante a infância e criar a nossa própria visão sobre o mundo que nos rodeia.
Estamos em pleno século XXI, mas cada vez mais nos estamos a transformar nos animais a partir dos quais, supostamente, evoluímos.
Cada vez é mais difícil marcar uma posição, pois somos apenas marionetas controladas pelos padrões sociais que nos impõem, formatados por um ser invisível que nos faz deslocar numa dada direcção.
Cabe-nos a nós usar do livre arbítrio e tomarmos o rumo que achamos mais certo, lutar contra o que nos dizem ser o melhor para nós e traçarmos o nosso próprio caminho enquanto somos vivos.
Só temos uma vida. Pelo menos, com este corpo e estas aptidões, se acreditarmos que voltamos à Terra desempenhar outros papéis noutras oportunidades que nos são concedidas. Portanto, qualquer que seja a nossa convicção acerca do além, uma coisa é certa: há que agarrar com unhas e dentes todos os momentos. E, com essa mesma força de vontade, lutar contra os paradigmas.
Nada é uma verdade absoluta, pois tudo muda a uma velocidade tão estonteante que nos deixa zonzos. Nunca havemos de estar preparados para enfrentar os desafios constantes. A todo e qualquer momento surgem novos problemas, novas soluções, novos conhecimentos, que nos provam que tudo é efémero. O que damos como certo ontem ou defendemos até este momento, pode já ter sido revogado por novas descobertas sem que estivéssemos a contar.
Mesmo assim, é inquestionável que nascemos com o objectivo de formar o nosso próprio pensamento e devemos lutar contra o que é dado como adquirido e vingar pelas nossas conclusões. E é na adolescência que construímos o adulto que vamos ser: passivo, insatisfeito dominador.
Não tiro o mérito aos jovens que pensam que são melhores do que todos, que são génios rodeados pela mediocridade ou que teimam em provar a todos que a sua posição é a mais correcta. Retiro o meu apoio àqueles que não pensam por si e se deixam levar pelas opiniões alheias. Prefiro um garoto que se ache Deus (até porque um dia vai cair do céu) e lute por aquilo em que acredita do que um que mude de ideias só porque lhe disseram que não ficava bem ou não era “in”.
Estou muito orgulhosa da adolescente que fui: rebelde, parva, mas sempre lutadora. Mesma quando estava errada, aprendi da melhor maneira: à custa dos meus próprios erros. E isso reflecte-se no que sou hoje, seja isso bom ou mau. Enganei-me e enganei, sofri e fiz sofrer, lutei e fiz com que lutassem comigo. Tornei-me eu. E só agora é que dou valor a tudo isso. Ainda bem que fui assim, para evitar passar por crises existenciais fora da altura certa.
Ainda bem que continuo a questionar o que é certo ou errado, a dizer a minha opinião mesmo parecendo descabida, deixando que cometam os mesmos erros que cometi, com a certeza que estarei cá para ajudar a curar as feridas da queda.
Num mundo em que já ninguém luta com as armas certas, é bom saber que ainda pode haver esperança. Um dia os dominadores, que lutam usando o poder e não a sabedoria vão cair do pedestal e os que são dominados vão ter a sua oportunidade de dizer o que têm retraído em si por medo de falar. Espero estar cá para ver esse lugar onde se luta com o conhecimento, argumentos válidos e bom perder.
Sonho impossível ou realidade alcançável? Não sei, mas já que tudo muda e se transforma, nunca vou deixar de acreditar. Um dia alguém achou a ideia de uma lâmpada ou da Terra ser redonda ridícula. O tempo mostrou que tudo o é, até prova do contrário.
É esperar para ver!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Amor

Tudo começou porque eu estava sozinha, num vazio tão denso que não via maneira de me libertar das amarras que a vida me tinha reservado. Sentia-me sozinha, sem saber qual o sentido que, para mim, tinha a vida. É nessas alturas que nos grandes romances aparece o cavaleiro andante, o tal que nos vai arrebatar irremediavelmente o coração e que, irreparavelmente, vai mudar o rumo que até aí levávamos. Como por magia, foi isso que me aconteceu. Apareceste tu, da forma mais impensável, e prendeste-me o olhar. Há muito tempo que não admirava algo em meu redor, mas fiquei rendida aos teus encantos exteriores. Alguma coisa em mim se alterou, pois senti uma força empurrar-me na tua direcção. Nunca o tinha feito. Mas senti que tinha que dar uma chance a mim própria, que devia arriscar mais. Segui os meus instintos, contrariando o meu habitual sentido de prudência, que me leva a perder quase sempre o melhor que a vida me reserva. Entrei na tua vida de um modo estranho e até cómico. Porém, tu entraste na onda que eu apanhei para chegar até ti e desfizeste-a comigo. Aproximaste-te de mim e, simultaneamente, atraíste-me para ti, qual metal que se une ao íman. A nossa aura sempre foi especial. Tu fazias-me esquecer o pouco que eu gostava de mim e as inúmeras responsabilidades às quais dedico a minha vida. E eu fui-me libertando. Cada vez mais livre, vi em ti aquilo que nunca tinha vislumbrado em ninguém: liberdade e paz. Apaixonei-me pelos teus inegavelmente envolventes olhos negros, pelas linhas do teu moreno corpo divino e pelo teu sorriso, tão terno quanto selvagem. Não posso negar a atracção física que me tomou o corpo desde o primeiro momento em que te vi. Mas uma beleza sublime, como a tua, embora não seja comum, não é só o que procuro. Procuro uma boa alma. Posso dizer que encontrei o meu ideal: uma alma que me enche o coração, num corpo que me excita a visão. Mais do que ser um menino bonito, foste capaz de me mudar. Não te limitaste a aceitar os meus defeitos passivamente, mas fizeste-me ver onde estava errada e, pouco a pouco, vou-me apercebendo do porquê do nevoeiro que pairava na minha vida antes da tua chegada. Sou demasiado exigente comigo, o que me leva a preocupar-me demais com tudo, impedindo-me de ser feliz a 100%. Não tinha as rédeas da minha vida: era controlada por ela. Isso tem mudado, gradualmente, graças ao teu esforço e empenho, bem como a tua paciência de santo. Estás dentro de mim, como um feto está dentro da barriga da mãe. Sou tua, como tu és meu. Não tenho dúvidas de que o nosso amor é algo mais do que os outros conhecem. Não se trata de uma rotina nem apenas de um amparo para os dois. É mais, muito mais! Acho que é mais do que amor o que sentimos, mais que uma entrega mútua e eterna. Porque não é isso que sinto quando penso em ti e muito menos o que me inunda quando estou ao pé de ti. Amo-te!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

pequena apresentação

Amo a vida! Sou sincera, mas sei que há verdades que doem. Falo pelos cotovelos, mas sou boa ouvinte. Guardo segredos intransmissíveis e sou boa conselheira. Tenho a mania que sou dona da verdade, mas, na realidade, pouco sei da vida. Adoro dar carinho, mesmo que nem sempre seja valorizada por isso. Sou inconsequentemente certinha. Gosto da minha privacidade e enfurece-me quem não a respeita. Tenho uma grande memória, mas sou muito despistada. Sou uma grande chorona: choro de alegria e de tristeza, de sonho e de desilusão, de esperança e de saudade. Tenho as emoções à flor da pele, por isso, nem sempre sou correcta. Impulsiva, teimosa, persistente. Mas também dócil, humana, inocente. Acredito na justiça e nas pessoas, mas desilude-me saber que é em vão. Quero lutar por um mundo melhor, mas apercebo-me de que não paxa de um sonho de criança. Amo o meu namorado a ponto de o querer para sempre do meu lado, adoro a sua paciencia pas minhas maluqueiras e a sua personalidade ímpar e perfeita para mim. Adoro os meus amigos, pois, sem eles, não podia sorrir. Tenho uma mãe resmungona e forreta, mas não me imagino sem ela. Quero ser feliz e enfrentar as adversidades com um sorrisinho maroto no rosto. Tenho o desejo íntimo de ser criança outra vez, voltar ao mundo cor-de-rosa e desaparecer com os fantasmas que me perseguem. Alimento os meus sonhos e luto para vencer na vida. Tenho muitos defeitos, mas, lá no fundo, amo-me!!!