Tens nome de bolacha
e és doce como tal.
És a donzela mais bonita
De todo o reino animal.
Fui eu quem te deu o nome, mal te peguei ao colo. Foi uma homenagem à tua mãe, a Sra. D. Bolacha. Mas não foi o principal motivo. Tu é que eras e és doce como só visto.
Foste a terceira a chegar ao clã animalesco que adoptei como meu. És a filha do meu primeiro bichinho preto de quatro patas, mas és muito diferente dele. Para começar, és claramente um elemento do sexo feminino: tens um ar frágil, mas sabes defender-te, só fazes o que te dá na real gana e fazes pela calada o que ele faz às claras. Enquanto ele se denuncia quando faz algo que sabe que está errado, tu passas e andas como se nada fosse. E como és pequenina, escondes-te no buraquinho mais minúsculo que houver e não sais de lá até nos esquecermos do assunto. Quando voltas, vens tão meiguinha que é impossível dar-te um sermão! Dás-me a volta à cabeça! A mim e a todos os que te conhecem.
Para todos os efeitos, és a mais bebé dos meus bebés e mereces a maior parte da minha atenção por isso. Não gosto mais de ti do que dos outros, simplesmente tens o direito de receber os carinhos que os mais velhos já tiveram com a tua idade.
Contigo partilho pequenos gestos especiais, aqueles momentinhos só nossos, em que nos limitamos a apreciar o que nos pertence. Adoro soprar-te para o teu focinho arrebitado de menina senhora do seu nariz e ver-te tapá-lo com as tuas patinhas frágeis e delicadas. Deliro quando te encostas a mim e esfregas a tua cara na minha, qual ser humano. Emociono-me sempre que o fazes. Deve ser este meu grande gosto por crianças e o facto de não ter nenhuma em casa há muito tempo que me leva a precisar de ti como preciso de poucas pessoas.
Não és a cadelinha mais irrequieta de todas. Há quem diga que pareces um gato, porque gostas de cativar a atenção toda para ti, mas raramente te vêem a correr ou em tropelias. Tal como os gatos, tu passas os dias a comer e a dormir, quase sempre. E também como eles vens provocar os teus companheiros quando eles não estão à espera. Mordisca-los, atiras-te a eles como se fosses gente grande e és tão ingénua que colocas a tua vida em risco.
Já estiveste para morrer enforcada com um fio de uma rede que decidiste que ia ser o teu brinquedo, já foste parar às urgências veterinárias porque decidiste pôr a cabeça dentro da boca de uma cadela vinte vezes maior que tu e com dentes que superam os meus a quilómetros de distância. És inconsequente, mas é por isso que tens graça. No entanto, não voltas a fazer-me uma coisa dessas, estás a ouvir? Quando recebi a chamada a dizer que tinhas sido mordida e que estavas mal, fiquei tão nervosa e preocupada como se tivesse sido mesmo um membro humano da minha família. Para mim, é como se fosses.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
o meu amor de 4 patas=)
Nunca podemos dizer que não gostamos de algo ou de alguém sem termos tido uma experiência anterior que possa fundamentar a nossa argumentação contra determinado assunto.
No entanto, como todos os seres humanos, erráticos e pretensiosos, decidi contrariar o bom senso e criticar quem trata animais domésticos como se fossem membros da família. Era uma patetice pura e descabida, visto que não podemos confundir seres racionais e irracionais. Lógico, não? E também bastante comum numa sociedade oca e que trata animais, velhos e jovens como lixo.
Não me enquadrava nessa classe marginal de indivíduos que se afirmam pela força de poder e opressão sobre os que aparentam ser mais fracos. Simplesmente não tinha tido animais em casa, a não ser três canários, que adorava mas nos quais era incapaz de tocar. Gostava dos bichinhos, mas não passava a linha do bom senso que me tinham transmitido.
Acontece que, num belo dia, entrou magicamente na minha vida o cão mais pequenino e amoroso que alguma vez vira. Tive medo de lhe tocar, de machucá-lo e de me afeiçoar a ele. Mas a primeira impressão foi forte demais para a ignorar e apaixonei-me por aquele ser ainda muito tenrinho e indefeso que só queria mimos e brincadeira. Não me conhecia de lado nenhum e criou logo empatia comigo. Atirou-se com sofreguidão para os meus braços, fez-se às minhas carícias e encheu-me de mordidelas e lambidelas inocentes, típicas de um cachorrinho com um par de meses de vida.
Não sei o que se passou comigo, o que mudou, mas deu-se o clique do amor e da ternura. Era um bebé que ali estava, disposto a dar tudo e a fazer-me entregar-lhe todo o mimo que podia.
Era tão fofo! Não o digo só porque tinha o pêlo ainda muito macio, mas pela inocência do seu olhar meigo. Era um animal, mas tinha o dom de nos cativar pela sua “humanidade”. Tudo nele o tornava humano: o carinho, a fidelidade, a devoção a quem mostrava o seu lado bom e, ao mesmo tempo, todo aquele seu jeito atrevido e arisco, que roía tudo o que apanhava pela frente, fazia chichi em cada canto, como se estivesse a marcar território. Além disso, gostava de pessoas como se fossem da sua espécie e dava o corpo ao manifesto na hora de defender quem tomava conta dele, mesmo sendo “cinco tostões de cão”.
Ele foi crescendo e amadurecendo. Já não está tão dependente de carinho como em bebé, tal como nós, que vamos criando o nosso território. Já não é preciso dar-lhe com o jornal por fazer asneiras nem ralhar-lhe por ser tão indomável. Continua a ser livre e com vontade própria, mas já sabe distinguir o bem do mal e os bons dos maus e não dá confiança a quem não merece.
Apercebe-se de tudo, apesar de parecer despistado até dizer chega. É corajoso e um verdadeiro homenzinho, mas com um menino lá dentro. Adora brincar, ser desafiado e passar horas a correr pelo jardim atrás dos malditos gatos que teimam em invadir o território dele. Ou isso ou vir arranhar-nos as pernas numa tentativa de nos por a mexer pela casa enquanto ele se mostra incansável e insaciável no que toca a loucura desenfreada.
Já foste pai meu menino lindo. Estás um homem adulto. Porém, continuas a rebolar no chão para te fazer festas na barriga, a correr para os meus braços sempre que me vês chegar como se já não me visses há anos. És o meu mimalhinho. Adoras estar no meu colo a dormir e a sentir os meus carinhos. E és o cão mais fotogénico da história. Vês uma câmara e pões-te logo em pose. Nasceste para ser um galã de Hollywood. És um verdadeiro príncipe.
E tu, seu ser pequenino e safado, mudaste-me tanto a visão sobre os animais de quatro patas! Tu beijas-me até me faltar o ar, lambes-me a cara, o nariz, as orelhas. Gostas de dormir na cama com pessoas, gostas de ir connosco para todo o lado. Se vamos para a cozinha, vais atrás, se vamos para a casa de banho, vais atrás.
O método para te fazer sair a bem é abrir a torneira. Tu abominas água. É um tormento dar-te banho! Sais depois, casa fora, a rebolar, a esfregar-te no tapete da varanda, a molhar tudo! Patinas na tijoleira e fazes-nos rir tanto que nos esquecemos que temos muito para limpar em seguida! És o rei da ternura e da aventura. És tão inteligente que sabes o caminho para casa, levemos-te nós para onde for. Como quando fugiste da casa onde te fomos levar para acasalares com a mãe dos teus filhos e tu decidiste que não te apetecia ficar lá e arranjaste maneira de ludibriar os donos e fugir por um sítio quase impossível. Puseste-nos a todos de coração nas mãos e a rezar para não te termos perdido para sempre. E, passado pouco tempo, cá estavas tu de regresso à base, encharcado e a tremer de frio. Atravessaste um temporal como há muito já não havia memória e enfrentaste os carros que passavam numa das avenidas mais concorridas e perigosas para os peões. Como é que tu, meu cão minúsculo, conseguiste escapar ileso desta aventura? Com tanta chuva, vento, carros, como é que encontraste o lar sem um único arranhão? Deves ser especial até mesmo para Ele, pois passas despercebido pelo teu tamanho e serias atropelado pela certa!
Gosto de ti como se fosses meu filho. Verdadeiramente. Fazes-me ter a certeza de que os animais conseguem superar as pessoas em muitos aspectos. Fazes de mim uma mulher especial, mesmo quando estou tão mal que sé me apetece desaparecer. Ninguém tem o poder que tu tens sobre mim. Fazes-me esquecer o frio, o calor, a fome, a sede, a tristeza. Só te falta falar! Mas não precisas dessa habilidade para ser especial. Já o és. Tudo o que tens para me dizer, dize-lo através do que fazes. Os teus olhos transmitem o que preciso de sentir. Compartilhas comigo a dor e a alegria incomensurável.
Por tudo o que és, pela transformação que comandaste em mim e pelo amor que me dás e me fazes sentir, és o orgulho e uma das razões de viver desta tua dona emprestada. Adoro-te!
No entanto, como todos os seres humanos, erráticos e pretensiosos, decidi contrariar o bom senso e criticar quem trata animais domésticos como se fossem membros da família. Era uma patetice pura e descabida, visto que não podemos confundir seres racionais e irracionais. Lógico, não? E também bastante comum numa sociedade oca e que trata animais, velhos e jovens como lixo.
Não me enquadrava nessa classe marginal de indivíduos que se afirmam pela força de poder e opressão sobre os que aparentam ser mais fracos. Simplesmente não tinha tido animais em casa, a não ser três canários, que adorava mas nos quais era incapaz de tocar. Gostava dos bichinhos, mas não passava a linha do bom senso que me tinham transmitido.
Acontece que, num belo dia, entrou magicamente na minha vida o cão mais pequenino e amoroso que alguma vez vira. Tive medo de lhe tocar, de machucá-lo e de me afeiçoar a ele. Mas a primeira impressão foi forte demais para a ignorar e apaixonei-me por aquele ser ainda muito tenrinho e indefeso que só queria mimos e brincadeira. Não me conhecia de lado nenhum e criou logo empatia comigo. Atirou-se com sofreguidão para os meus braços, fez-se às minhas carícias e encheu-me de mordidelas e lambidelas inocentes, típicas de um cachorrinho com um par de meses de vida.
Não sei o que se passou comigo, o que mudou, mas deu-se o clique do amor e da ternura. Era um bebé que ali estava, disposto a dar tudo e a fazer-me entregar-lhe todo o mimo que podia.
Era tão fofo! Não o digo só porque tinha o pêlo ainda muito macio, mas pela inocência do seu olhar meigo. Era um animal, mas tinha o dom de nos cativar pela sua “humanidade”. Tudo nele o tornava humano: o carinho, a fidelidade, a devoção a quem mostrava o seu lado bom e, ao mesmo tempo, todo aquele seu jeito atrevido e arisco, que roía tudo o que apanhava pela frente, fazia chichi em cada canto, como se estivesse a marcar território. Além disso, gostava de pessoas como se fossem da sua espécie e dava o corpo ao manifesto na hora de defender quem tomava conta dele, mesmo sendo “cinco tostões de cão”.
Ele foi crescendo e amadurecendo. Já não está tão dependente de carinho como em bebé, tal como nós, que vamos criando o nosso território. Já não é preciso dar-lhe com o jornal por fazer asneiras nem ralhar-lhe por ser tão indomável. Continua a ser livre e com vontade própria, mas já sabe distinguir o bem do mal e os bons dos maus e não dá confiança a quem não merece.
Apercebe-se de tudo, apesar de parecer despistado até dizer chega. É corajoso e um verdadeiro homenzinho, mas com um menino lá dentro. Adora brincar, ser desafiado e passar horas a correr pelo jardim atrás dos malditos gatos que teimam em invadir o território dele. Ou isso ou vir arranhar-nos as pernas numa tentativa de nos por a mexer pela casa enquanto ele se mostra incansável e insaciável no que toca a loucura desenfreada.
Já foste pai meu menino lindo. Estás um homem adulto. Porém, continuas a rebolar no chão para te fazer festas na barriga, a correr para os meus braços sempre que me vês chegar como se já não me visses há anos. És o meu mimalhinho. Adoras estar no meu colo a dormir e a sentir os meus carinhos. E és o cão mais fotogénico da história. Vês uma câmara e pões-te logo em pose. Nasceste para ser um galã de Hollywood. És um verdadeiro príncipe.
E tu, seu ser pequenino e safado, mudaste-me tanto a visão sobre os animais de quatro patas! Tu beijas-me até me faltar o ar, lambes-me a cara, o nariz, as orelhas. Gostas de dormir na cama com pessoas, gostas de ir connosco para todo o lado. Se vamos para a cozinha, vais atrás, se vamos para a casa de banho, vais atrás.
O método para te fazer sair a bem é abrir a torneira. Tu abominas água. É um tormento dar-te banho! Sais depois, casa fora, a rebolar, a esfregar-te no tapete da varanda, a molhar tudo! Patinas na tijoleira e fazes-nos rir tanto que nos esquecemos que temos muito para limpar em seguida! És o rei da ternura e da aventura. És tão inteligente que sabes o caminho para casa, levemos-te nós para onde for. Como quando fugiste da casa onde te fomos levar para acasalares com a mãe dos teus filhos e tu decidiste que não te apetecia ficar lá e arranjaste maneira de ludibriar os donos e fugir por um sítio quase impossível. Puseste-nos a todos de coração nas mãos e a rezar para não te termos perdido para sempre. E, passado pouco tempo, cá estavas tu de regresso à base, encharcado e a tremer de frio. Atravessaste um temporal como há muito já não havia memória e enfrentaste os carros que passavam numa das avenidas mais concorridas e perigosas para os peões. Como é que tu, meu cão minúsculo, conseguiste escapar ileso desta aventura? Com tanta chuva, vento, carros, como é que encontraste o lar sem um único arranhão? Deves ser especial até mesmo para Ele, pois passas despercebido pelo teu tamanho e serias atropelado pela certa!
Gosto de ti como se fosses meu filho. Verdadeiramente. Fazes-me ter a certeza de que os animais conseguem superar as pessoas em muitos aspectos. Fazes de mim uma mulher especial, mesmo quando estou tão mal que sé me apetece desaparecer. Ninguém tem o poder que tu tens sobre mim. Fazes-me esquecer o frio, o calor, a fome, a sede, a tristeza. Só te falta falar! Mas não precisas dessa habilidade para ser especial. Já o és. Tudo o que tens para me dizer, dize-lo através do que fazes. Os teus olhos transmitem o que preciso de sentir. Compartilhas comigo a dor e a alegria incomensurável.
Por tudo o que és, pela transformação que comandaste em mim e pelo amor que me dás e me fazes sentir, és o orgulho e uma das razões de viver desta tua dona emprestada. Adoro-te!
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