segunda-feira, 26 de julho de 2010

Antigo, mas actual

Neste momento falta-me o tempo para fazer descrições de mim mesma. Nem eu sei bem quem sou. Porque sou um ser em constante mutação. Adapto-me às diferentes situações com relativa facilidade e sou diferente consoante os contextos o exijam. Isso não significa que seja falsa. Gosto é de explorar o território onde estou para depois me libertar. Posso ser a miúda mais tímida ou a palhaça de um grupo. A aventureira ou a frágil amedrontada. Sou o bem e o mal numa só pessoa. Sou uma apaixonada por tudo o que me rodeia. Porque é esta paixão que me move e me faz lutar contra o que quer que seja para provar que os meus ideais estão certos e que podemos, de facto, mudar o mundo, dando cada um de nós o seu contributo. E ninguém se atreva a tentar comprar-me. Porque eu tenho valores, mesmo vivendo neste mundo corrupto. Não vendo a minha alma nem os meus princípios. Não vendo o amor nem a amizade que me prendem à vida, nem sou interesseira. Sou incapaz de me aproximar de alguém só para tirar partido disso. E há uma palavra que não consigo encaixar no meu dicionário: desistir! E a vida tem-me provado que essa é uma escolha acertada. E por isso, não obstante todos os meus defeitos, tenho orgulho no que tenho conseguido por acreditar que se deve lutar sempre, por mais difícil que seja.

"E quando penso em desistir por me sentir infeliz, Oiço uma voz dentro de mim que me diz
Mantém-te firme"
"Quando as portas se fecham sigo em frente e venço"

Não sou única, mas sou diferente. E isso basta-me para me orgulhar do meu percurso.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Brilho especial (para a minha Annie)

Poucas pessoas têm o dom de nos fazer sentir especiais, no momento em que menos contamos com isso.

Ao invés de me dares também motivos para sentir todo o chorrilho de emoções que habitam e atormentam a minha mente nos últimos tempos, que me transmitem a sensação de que não faço falta em nenhum dos meus habitats, fizeste-me sorrir. Isso tocou-me e, acredita, o meu coração sorriu bem mais do que a minha cara transpareceu.

Nunca fui muito boa a expressar-me cara a cara quando o que sinto não é mau. Se, por um lado, não escondo agruras, desapontamentos e irritações, já não sou capaz de fazer o mesmo quando se trata de exteriorizar alegria e afins. Talvez porque a vida se revela mais vezes madrasta do que mãe, talvez porque não se pode ser bom a tudo e eu, simplesmente, não possuo esse talento. De qualquer das formas, quero que saibas que fizeste com que se desse o “clique” aqui dentro e voltasse a ter, por momentos, a sensação de que tenho uma razão válida para pertencer a esse lugar. E, também, mas nunca menos importante, que sentes a minha falta como eu sinto a tua.

És uma menina de ouro, com muito mais maturidade do que a tua idade faria supor e dou imenso valor a isso, numa altura em que vejo tanto jovem que parou de crescer aos dez anos de idade. Gosto do teu esforço e perfeccionismo. Mesmo longe da perfeição inalcançável, é bom ver que ainda há quem lute com todas as forças. Sabes o que te espera? Com toda a certeza, um futuro que te recompense pela tua determinação. Se algum percalço acontecer, eu estarei sempre aqui, com aquele abraço rechonchudo como eu. Vais ser sempre a minha querida: dos caracóis e beleza invejável, da doçura de um olhar terno que encanta qualquer um com olhos de ver.

Obrigada! Adoro-te!

terça-feira, 13 de julho de 2010

Há dias assim...

Há dias assim. Dias em que somos assolados por uma tristeza repentina que nos gela até a alma e nos tira o prazer de viver os pequenos momentos. Dias em que prometemos a nós próprios que será a última vez que nos deixamos abater por forças inexplicáveis, que surgem vindas sabe-se lá de onde.
Há dias em que aparentemente temos tudo para sermos felizes e, no entanto, nada nos satisfaz nem é suficientemente forte para travar a força motriz dos fantasmas malditos.
A felicidade é feita de pequenos momentos que nos enchem de alento para enfrentar desafios vindouros. Mas de que vale tudo isso se não lhes dermos o verdadeiro valor? O tudo não chega quando nos limitamos ao nada. Nós é que temos que encontrar em cada brisa fresca, em cada gesto alheio ou em cada acontecimento aleatório o nosso motivo para levar avante uma vida que nos foi concedida e que não deve ser desaproveitada.
Há dias como hoje, onde só as lágrimas fluem sem esforço, onde todas as dores do mundo me bloqueiam e me martirizo por tudo isso. Com tantas causas nobres para serem choradas, por que raio hei-de chorar sem motivo aparente? Futilidade? Talvez, porque as verdadeiras razões para nos roubarem a alegria estão mesmo ao nosso alcance, à distância de um olhar para o vizinho do lado ou mesmo através da televisão. Esses vivem felizes, apesar do infortúnio em que se encontram mergulhados. Haverá maior lição de vida?
O que é certo é que não é a consciência da verdadeira crueldade que nos rodeia que me vai impedir de perder tempo útil a destilar água pela cara abaixo.
O que é certo é que há dias assim. Espero um dia inverter estas datas e rir-me da minha vontade de chorar. Até lá, faço-o por nada, por insatisfação e tristeza generalizada por não ser capaz de me deter.
Há dias assim.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Vitórias

Quatro anos. Parecia pouco tempo e, simultaneamente, uma eternidade.

Aos dezoito anos, tudo é ambíguo. Esta situação implicava que eu optasse por escolher um dos sentidos e aguentar com as consequências.

Como sou teimosa e gosto de colocar obstáculos a mim mesma para tornar a minha vida num percurso tumultuoso que me levará a pequenas grandes vitórias, decidi arriscar. Tinha a perfeita noção de que iria ser muito complicado e que o objectivo implicava alcançar uma fasquia possivelmente demasiado elevada. Mas deixei-me ir. E hoje estou mais feliz e realizada do que nunca.

Foi uma caminhada cheia de espinhos. Mas essas dificuldades só tornaram o prémio final mais aliciante. Sou estimulada pelas contrariedades, apesar de não lidar muito bem com elas quando surgem, vindas, aparentemente, do nada. Também eu sou um tanto ou quanto ambígua. Gosto de situações adversas, mas não paro de reclamar quando tenho que as resolver. No entanto, enquanto estou a digeri-las e disparo em todas as direcções, estou, ao mesmo tempo, já numa batalha árdua em busca de soluções.

Este caso não foi diferente. Ao fim de um mês, surgiu a primeira contrariedade e quis virar as costas e desistir. Típico. Mas quem me conhece sabe que não desistiria de jeito e maneira. Nem que tivesse que me sacrificar de uma forma nunca antes sequer equacionada. Ainda estou eu a praguejar e a deixar sair as barbaridades pela boca fora, já sei que não vou abandonar o barco enquanto não chegar a bom porto. Isso não me impede de continuar a disparatar, apesar de serem apenas desabafos que me espicaçam e impelem no sentido certo de continuar na batalha.

Muita coisa aprendi, a bem ou a mal. Não podemos dar nada por adquirido. Não somos invencíveis, nem o conhecimento é a fonte de todas as soluções. A sorte, o sangue-frio e a entrega completam o leque.

Não basta saber teorias, é preciso solucionar problemas práticos. Estas não são aplicáveis directamente à realidade, são uma fonte de abstracção e simplificação de uma existência extremamente emaranhada. E a maior lição de todas é que estas não são apenas conjunturas sem nexo nenhum. Elas são a base da nossa leitura da realidade. A partir da situação “fabricada” podemos entender como funcionaria o mundo se fosse perfeito e perceber melhor as suas falhas face ao paraíso. As teorias não são a solução, são o ponto de partida. Esse ensinamento nunca mais irei esquecer. E sinto-me muito mais rica do que os milhares de milhões de pessoas que as encaram como uma perda de tempo fantasiosa e ridícula. Aprender a pensar é uma ferramenta fundamental e eu sinto-me muito mais capaz de o fazer mais rapidamente e melhor agora do que há quatro anos atrás. Tanto é assim que os resultados começaram a melhorar com o passar do tempo, apesar da maior complexidade dos desafios propostos.

Hoje não sou mais nem menos do que era nem do que outra pessoa qualquer. Simplesmente sei mais do que sabia. Isso é ponto assente e faz-me orgulhar de cada pestana queimada, de cada hora perdida, de cada batalha de onde saí derrotada. Perdi anos de vida, mas ganhei anos de conhecimento. Não gozei o melhor lado da juventude, mas nunca será tarde para o fazer, talvez até de um modo mais responsável. Coloquei em risco as minhas capacidades sociais, desafiei todos os limites físicos e psíquicos, fui infeliz em muitas ocasiões e privei quem não merecia de uma companhia agradável. Tentei desdobrar-me e fazer tudo, numa busca insaciável de provar a todos e a mim própria que o meu maior valor é a capacidade de resistência. Não duvido que haja quem me acuse de desperdício de energia, de falta de experiência de vida e de ver um mundo cor-de-rosa. Não os culpo. Eu também faço julgamentos injustos.

No final desta aventura, a maior aprendizagem extra-curricular é que nada vale mais do que a nossa própria vida. Uma professora disse-me que nas horas de aflição procuramos a família e os amigos, nunca o trabalho. Isso demonstra o quão importante é darmos tudo aos outros e a nós e escolhermos sempre o lado que nos recompensa da melhor forma. Não há dinheiro que pague as vivências com as pessoas que mais amamos.

Hoje, sou licenciada em economia, hei-de ter um emprego que compense toda esta luta, mas porei sempre em primeiro lugar a minha família. É uma maneira de provar que aprendi a pensar. E o que quero mesmo é ser feliz e fazer com que isso passe para quem me rodeia.

domingo, 4 de julho de 2010

Esperar para ver!

A juventude é um período deveras complicado para todos. Não podemos dizer que não foi ou que não vai ser – é assim que tem que ser e ainda bem que o é.
É o momento de confrontarmos as assumpções que nos transmitiram durante a infância e criar a nossa própria visão sobre o mundo que nos rodeia.
Estamos em pleno século XXI, mas cada vez mais nos estamos a transformar nos animais a partir dos quais, supostamente, evoluímos.
Cada vez é mais difícil marcar uma posição, pois somos apenas marionetas controladas pelos padrões sociais que nos impõem, formatados por um ser invisível que nos faz deslocar numa dada direcção.
Cabe-nos a nós usar do livre arbítrio e tomarmos o rumo que achamos mais certo, lutar contra o que nos dizem ser o melhor para nós e traçarmos o nosso próprio caminho enquanto somos vivos.
Só temos uma vida. Pelo menos, com este corpo e estas aptidões, se acreditarmos que voltamos à Terra desempenhar outros papéis noutras oportunidades que nos são concedidas. Portanto, qualquer que seja a nossa convicção acerca do além, uma coisa é certa: há que agarrar com unhas e dentes todos os momentos. E, com essa mesma força de vontade, lutar contra os paradigmas.
Nada é uma verdade absoluta, pois tudo muda a uma velocidade tão estonteante que nos deixa zonzos. Nunca havemos de estar preparados para enfrentar os desafios constantes. A todo e qualquer momento surgem novos problemas, novas soluções, novos conhecimentos, que nos provam que tudo é efémero. O que damos como certo ontem ou defendemos até este momento, pode já ter sido revogado por novas descobertas sem que estivéssemos a contar.
Mesmo assim, é inquestionável que nascemos com o objectivo de formar o nosso próprio pensamento e devemos lutar contra o que é dado como adquirido e vingar pelas nossas conclusões. E é na adolescência que construímos o adulto que vamos ser: passivo, insatisfeito dominador.
Não tiro o mérito aos jovens que pensam que são melhores do que todos, que são génios rodeados pela mediocridade ou que teimam em provar a todos que a sua posição é a mais correcta. Retiro o meu apoio àqueles que não pensam por si e se deixam levar pelas opiniões alheias. Prefiro um garoto que se ache Deus (até porque um dia vai cair do céu) e lute por aquilo em que acredita do que um que mude de ideias só porque lhe disseram que não ficava bem ou não era “in”.
Estou muito orgulhosa da adolescente que fui: rebelde, parva, mas sempre lutadora. Mesma quando estava errada, aprendi da melhor maneira: à custa dos meus próprios erros. E isso reflecte-se no que sou hoje, seja isso bom ou mau. Enganei-me e enganei, sofri e fiz sofrer, lutei e fiz com que lutassem comigo. Tornei-me eu. E só agora é que dou valor a tudo isso. Ainda bem que fui assim, para evitar passar por crises existenciais fora da altura certa.
Ainda bem que continuo a questionar o que é certo ou errado, a dizer a minha opinião mesmo parecendo descabida, deixando que cometam os mesmos erros que cometi, com a certeza que estarei cá para ajudar a curar as feridas da queda.
Num mundo em que já ninguém luta com as armas certas, é bom saber que ainda pode haver esperança. Um dia os dominadores, que lutam usando o poder e não a sabedoria vão cair do pedestal e os que são dominados vão ter a sua oportunidade de dizer o que têm retraído em si por medo de falar. Espero estar cá para ver esse lugar onde se luta com o conhecimento, argumentos válidos e bom perder.
Sonho impossível ou realidade alcançável? Não sei, mas já que tudo muda e se transforma, nunca vou deixar de acreditar. Um dia alguém achou a ideia de uma lâmpada ou da Terra ser redonda ridícula. O tempo mostrou que tudo o é, até prova do contrário.
É esperar para ver!